O tempo estava bom; frio, umidade mediana e céu limpo, as luzes já começavam a acender, embora ainda a noite não houvesse caído, digamos que era um entardecer claro e bastante silencioso, pelo horário acostumado com as algazarras das crianças do bairro, talvez seja pela baixa temperatura! O sino da Igrejinha começa a badalar anunciando o inicio da noite e a chamar o povo para a oração do Santo Rosário e se não fosse o suave cântico vindo da Igreja e dos costumeiros pássaros com seus melódicos cantos, diria que Anjos estavam passando pela pracinha, seguidos pelos cânticos, tamanho silêncio pairava e até os cânticos parece que ajudavam no silêncio...
ELA, já algum tempo sentada num dos bancos, deleitava daquela tranquilidade que ainda é possível nas pequenas cidades do interior! A mulher costumava, nesse horário, mesmo se houvesse crianças brincando, sentar-se ali, naquele banco onde se privilegiava à visão de uma boa parte de tudo ao redor...
E ali, sem que ninguém pudesse interromper o seu direito à quietude, ELA, em seu incorrigível romantismo, sorri ao pensamento de estar sendo invadida, a sua pracinha, por Anjos e que possivelmente, o seu Anjo particular estivesse por ali, talvez sentado ao seu lado, com aquele sorriso maroto e pronto para sussurrar em seu ouvido aquele papo de Anjo em segundas intenções... E a esse pensamento, como se fosse a primeira vez, todo o pelo da pele se arrepia e ELA sente a presença de seu Anjo: - Estou aqui para te proteger... E ELE, o seu Anjo, esqueceu-se de falar que veio para somente ser o seu Amor, só o seu amor!
E ali, em meio ao clima tão angelical quanto profano, no pensamento da mulher, o tempo com seu Anjo foi passando como a um filme de amor, lágrimas, risos, lágrimas, risos, renúncias, lágrimas, mais amor, mais amor ainda, como se fosse a primeira vez e em todos os dias recomeçava essa grande história de amor sem fim... ELA ficaria ali até o amanhecer, quando o Sol tocasse seu rosto e esquentasse sua pele, acordando-a para a vida, que embora de interior, os dias eram agitados, com sua gente indo e vindo para suas lutas diárias, coisas de gente que está viva! Mas ELA, embora ficasse até para sempre, ali, sentada, repassando o antes e vivendo o presente que seu amor escreve todos os dias; saiu dos
pensamentos com o badalar do sino anunciando a noite já bastante alta! ELA se levanta, beija seu Anjo e se vai... E como sempre alguém tem que ceder, ELA mais uma vez cede e a história sem fim, de um amor que segue junto ao burburinho do dia seguinte e com certeza, até logo mais ou quem sabe até antes do amanhecer, e depois..., quando o Sol lhe tocar a pele na maciez das mãos de um Anjo com segundas Intenções!
Maria Barros
pensamentos com o badalar do sino anunciando a noite já bastante alta! ELA se levanta, beija seu Anjo e se vai... E como sempre alguém tem que ceder, ELA mais uma vez cede e a história sem fim, de um amor que segue junto ao burburinho do dia seguinte e com certeza, até logo mais ou quem sabe até antes do amanhecer, e depois..., quando o Sol lhe tocar a pele na maciez das mãos de um Anjo com segundas Intenções!
Maria Barros
Entardeceres! Tão angelicais!
E parece até que Anjos voam baixo,
De suas harpas, belos musicais...
E é nesse sonho lindo que me encaixo!
São Anjos! Mas o meu é especial!
Eu o desejei, sim! Eu o quis só, só meu!
Eu o quis num ato pleno e corporal,
pecados loucos, gozos em apogeu!
Um amor intenso, ativo e esfomeado!
"Meu coração atado ao teu, meu fado,
E de forma excessiva, carecente..."
Tão certa, tão primeira e fervescente!
Mas havia segundas intenções,
Em entardeceres doce de ilusões!
Maria Barros
