O movimento de pessoas e veículos já era grande naquele horário da manhã. As lojas já abriam suas portas enquanto anunciavam as promoções do dia em letreiros bem visíveis e atraentes aos olhos... Alguns ambulantes, “atentos”, também anunciavam seus produtos, uma vez que de repente poderia aparecer a fiscalização... Das acústicas instaladas nos postes, ouvia-se u’a bela canção que ELA, caminhando calmamente pela calçada, ia absorvendo profundamente! Sempre gostara daquela melodia e a letra da mesma nunca lhe havia surtido tanto efeito como naquele momento; então a frase que lera uma vez era mesmo verdade, dizia que estando alguém no estado de felicidade curte mais a melodia e na tristeza sua atenção vai para a letra da mesma; e naquele momento, não que ELA estivesse triste, mas estava saudosa, a canção falava de um amor que n’algum lugar esperava por ela e de quando seria o momento do encontro dos amantes... ELA sempre gostara tanto dessa música, muito antes de seu coração perguntar sempre: QUEM É VOCÊ QUE EU AMO... Seu amor tão distante, que ela nem sabe mais em que pedacinho desse planeta ele habita, além de bem dentro do seu coração sempre tomado de amor e saudades! Nesse momento de fraqueza e egoísmo deseja profundamente que qualquer coisa aconteça diante dele ou dentro dele que o faça lembrar-se dela, nem que seja seu perfume, nem que seja seu encantamento, suas loucuras amorosas..., caso já tenha esquecido dela, embora, como ELE poderia esquecê-la, se amor assim, só um, o DELA! A música terminou e logo começou outra, mas ELA nem notara de tão perdida em seus pensamentos, enquanto desviava das pessoas que vinham no sentido contrário... Lamenta que um dia tivera de desligar-se do convívio dele, não poderia continuar desejando o que não ou nunca seria possível, não aconteceu um meio da parte dele e ELA teve que se AFASTAR, sem nunca ter deixado de amá-lo e pelo contrário, existe em si, um amor que a cada dia parece aumentar e aumentar e aumentar... Nunca mais seus pensamentos terão outro tema e nem seu coração abrirá para outro amor! Nunca mais poderá planejar aqueles braços lhe envolvendo num abraço forte, os dois amando profundo e loucamente de todas as formas em qualquer lugar, hora e tempo... Tantos planos que no final, foram sonhos mesmos que ELA tanto sonhou e acredita muito que ELE também! Realmente dizem que os amores encontram meios... ELA encontrou o caminho, mas do outro lado estava o vazio... Que confusão o destino e o tempo aprontaram nessa história, a história da mulher que saiu da vida de seu amor, porque ele assim permitiu! Haja o que houver esse amor jamais será esquecido! ELA chega ao banco que ainda está bastante vazio e dirija-se ao caixa eletrônico, onde paga uma conta e vai embora... Quem sabe em quantos pensamentos ela vai dividindo seus passos nas horas intermináveis dos dias compridos, das noites insones..., mas repletas de sorrisos às lembranças de momentos, cortada em lágrimas quando aperta o coração de tantas saudades! A verdade é que quase não consegue mais lembrar-se das mágoas, quando o que restaram mesmo foram lembranças de um tempo que fora mesmo feliz! É mesmo assim, quando o amor persiste, o tempo abafa as mágoas e aviva o que foi bom!
Maria Barros
(Exercício poético VARAL Nº31 - EDIÇÃO 604 ANO XIII)
