* POR UM MUNDO A PAZEAR *

O mundo gira tudo vai passando...
Todos os dias, sempre tudo igual!
E a ferida que dói só vai chorando
O que o mundo nem vê seu crucial!

E o desamor tomando posição,
O respeito virou caso d’ humor
A impunidade vil aberração,
Traz a indignidade e fere o amor!

Vejo crianças sem teto, ao léu!
Jovens sem direção [na contramão],
Vejo adultos confusos só a imputar!

O planeta sofrendo nesse incréu
E vai e vai girando em aversão...
... Só mesmo o amor p’ra vir nos alcançar!
Maria Barros

(Soneto em versos decassílabos, ritmo heróico)

* CANÇÃO P'RA NOITE DE NÓS DOIS *

Se eu pudesse te abraçar por essa noite,
talvez você me jurasse amor eterno...
inda que a eternidade estivesse apenas em pernoite, 
nessa noite, até o amanhecer de nosso interno!

Pode ser como das vezes errantes de inverno,
Que me fizestes a sua Flor-da- noite!
Pode ser como outras vezes em que te fiz superno,
[Se eu pudesse te abraçar por essa noite!]

As vezes todas, dessa minha arrastad’aloite,
Sem dar-me qualquer alterno,
Todas tão doloridas, como forte golpe de açoite!
Erramos, mas foi bom e as lembranças se poriam em prosterno,
[Se eu pudesse te abraçar por essa noite!]

Que viessem outros invernos, em outras noites...
Que importa se estivéssemos em hiberno,
Se em todas p’ra sempre seremos eternos,
Se eu pudesse te abraçar por essa noite!

Noite de nós dois, com juras de amor...
[Se eu pudesse te abraçar por essa noite,]
Até o amanhecer de nosso interno,
[Se eu pudesse te abraçar por essa noite,]
Onde se guarda o amor eterno,
no encanto dessa canção p’ra noite de nós dois!
[Se eu pudesse te abraçar por essa noite!]
Noite de nós dois, amor!

Maria Barros

* VENTURA FUGAZ *

Inda que se fizesse de alegria,
Dos olhos não soltavam os seus risos!
Inda que se fizesse muito amada, 
Do rosto não se abriam seus sorrisos

Ainda que seu canto divagasse
E do nada explodissem ecos ávidos,
Todo o corpo, quiça se completasse
Se os desejos já não tivessem plácidos!

Noutros tempos de mui sofreguidão,
Fora tão feliz o seu coração!
Hoje apenas saudade restou Dele!

Se tristezas refletem nos seus espelhos
Foi desse tempo que a pôs em joelhos!
Nascera pra ser só ela [sem Ele]! 
Maria Barros

 (Soneto em versos decassílabos, ritmo heróico)

* LONGE NO ESPAÇO E NO TEMPO *

Vejo-te majestoso, tão luzente!
A beleza que escalda meu queimor!
Esplendor que me encanta “negligente”,
se quando não vens ponho-me em tremor!

Ouço-te em musical d’uma só nota,
Inda assim me inebria o coração!
Se a doçura de seu canto se esgota,
O meu ser desencanta sem canção!

Luz intensa que não se apaga em mim!
Amor de intensidade, amor sem fim!
Mas quando se vai... [é vida sem luz]!

Sua luz é caminho que me induz!
Quero ir, mas cortastes os atalhos,
encobristes caminhos com ramalhos
Maria Barros

( Soneto em decassílabo, ritmo heróico)

* APOIADO NA POEIRA DO TEMPO! *

A asonia chegou na madrugada,
O senhor levantou-se aborrecido 
e se escorando num jeito sustido,
foi caminhando até  uma bancada...

Sobre ela repousavam velhos livros...
Descerrou o que mais lhe era encantamento,
Soprou-lhe todo pó do pensamento
E Riu! [Pensou: “Que Deus jamais me livros!”]

Nele estavam lembranças tão felizes,
[Suas, dos filhos, netos, dos bisnetos]!
Páginas carregadas só de afetos,
que não voltam mais pras suas raízes!

Bendita emoções desse madrigal!
Nas lembranças chegou o sono afinal!
Maria Barros
(Soneto Inglês em decassílabo, ritmo heróico)

* AINDA VEEM-SE FLORES! *

Além desse portão cicatrizado,
Sem resguardo, tão livre, destrancado,
Ainda espera o amor divinizado...
[Num ranger que não mais foi consertado!]

Além desse portão desventurado,
Ainda veem-se flores multi cores,
Que um dia foi jardim, um eldorado...
[Porém viçam fremidas seus clamores!]

Além desse portão moram lembranças,
Que inda se escutam risos de alegria
D’um tempo tão feliz de aventuranças...
[Uma festa de encantos, calmaria!]

Pois esse portão cheio de aflição
abre pro meu saudoso coração!

Maria Barros

( Soneto Inglês em versos decassílabos, ritmo heróico)

* MEU ANJO AZUL! *

Aquela noite estava procelosa...
Em mim, desfiguravam tempestades
seguidas d’uma força gloriosa
[uma luz parecendo eternidades!]

E o meu negro céu se fez azulado
[com todos os tons de azuis do paraíso]!
Foi quando senti um algo almejado,
eras tu que surgias desse aviso!

Um anjo azul que vinha ser amor!
O amor primeiro e eterno sonho meu!
Um doce encantamento que nasceu!
Fez de mim maravilhas, uma flor!

Mas, era um anjo! Meu lindo anjo azul!
Que voou pra outros céus em voo tão taful!

Maria Barros




(Soneto inglês em versos decassílabos, ritmo heróico)

* ÉS MINHA MÃE GENTIL! *

Sou doce raiz, princípio da vida...
Raiz pura de natureza feminil,
feliz e enraizada no solo desse meu Brasil!
Sou raiz de natureza destemida,
orgulho que nunhuma ferida me faz partida!
Sou terra, sou gente, sou raiz forte!
Maria Barros