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domingo, 17 de maio de 2015

* OUTONOS DE JACI... (QUARTA E ÚLTIMA PARTE) * / * TE ESQUECER? *








      (Quarta e última parte)

      - Sem deixar que a moça saísse de seus braços, Ubiratan pousa o corpo de sua amada sobre um colchão de folhas secas que se estendia em capins cheirosos que rodeavam o riacho... A hora não era para raciocínios, não era hora de deixar que suas razões formassem barreiras, envolvendo costumes e raças; a hora apenas inspirava amor e paixão e a vontade ardente e louca de saciarem essa vontade que guardavam, sem saber, do corpo, um do outro!
      - Jaci, Jaci, deixa-me acalmar essa fúria de paixão que me domina nesse momento!  Preciso deixar que essa agonia feita desejos exploda em prazeres, essa fúria de amor e paixão que fará de mim, mais homem, para você! Você que é meu primeiro amor, minha primeira mulher! Ubiratan deixa que todos esses anos que seu coração amoroso e seus desejos que ardiam de amores sem que soubesse o porquê, invadam os ouvidos e corpo de Jaci, que lhe responde e devolve a mesma paixão, o mesmo amor sentido, sem que soubesse ao certo, o que era, na verdade!
      - Ubiratan, falastes tudo de você, que igualmente corresponde o que vem de mim... Te amo, meu primeiro amor, meu primeiro homem e que a vida nos deixe eternos, um para o outro! Fala Jaci, que já se encontra totalmente envolvida entre os braços fortes do amado, deixando-o ser acolhido pelo prazer de suas entranhas... Foram tantas entregas! Seus prazeres saciados, seus amores revelados e juras de eternidades proferidas durante horas que se estenderam até a metade da tarde, enquanto seus corpos estendidos procuravam restabelecer forças... 
      - Ubiratan! Fala a moça em tom assustado e levantando-se rapidamente! - O Sol já caminha em direção ao oeste! Estamos aqui desde cedo e meus pais devem estar preocupados... 
O rapaz olha para a direção do Sol e responde: - Com certeza deve ser entre dezesseis e dezessete horas, sem erros! E segurando as mãos de Jaci, lhe diz, olhando bem fundo em seus olhos: - Amanhã de novo? Diz que vem! Não sei mais como viver longe de você!
A moça, por completa, apaixonada por ele, responde-lhe ao mesmo tempo em que lhe abraça: - Se não der para vir pela manhã, com toda certeza à tarde estarei aqui, esteja o tempo como estiver, estarei aqui, meu amor! 
Os dois se abraçam muito forte e seus lábios se perdem num beijo apaixonado...
... Jaci vira-se para mais um adeusinho ao amado, enquanto ele vê a sua amada ir em direção à casa dos pais... 
Amores de infância guardados e descobertos totalmente diante à saudade que ambos sentiam quando separados... Agora Jaci e Ubiratan sabem onde seus corpos vão pousar para diminuir a força da saudade e deixar que seus corações possam alimentar cada vez mais desse amor que não há de acabar nunca, porque tem raízes profundas no solo de seus corações... Quanto às famílias, saberão como lutar e impor seus direitos ao amor...! 
Maria Barros









Que seja o mau destino de presságio,
Que se fez petro feito grande rocha!
Qu’importa! Anoiteceu! Que triste adágio,
Que me fez ouvir cantos da carocha!

Mas amanheceu e eu sei! Foi sem querer!
“Que meu leito dormiu sem ter você”!
E nem fechei meus olhos pra morrer...
Só sei que fora triste de se vê!

O dia, inteiro, m’encara, soberano!
Faz-me girar nas horas, “contumaz”,
Sem bater um segundo só de paz!

Fora d’enganos meu destino insano,
Que se fez tarde pra se ser feliz... 
Mas te esquecer, jamais! Isso eu não quis!
Maria Barros