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sábado, 15 de março de 2014

* POR TODA MINHA VIDA! *




O som dos galos cantando e o ar fresco da manhã, embora fosse verão, fê-la soltar mais cedo da cama. Há muitos anos não dormia numa fazenda, mas não esquecera jamais das maravilhas de se viver ali! Sentou-se à cama, espreguiçou demoradamente e em seguida fez suas orações... Estava visivelmente alegre por estar ali!  Foi até à janela e ao abri-la deixou  que seus olhos passeassem  pelo enorme jardim que rodeava todo o casarão e mais além, seus olhos não podiam alcançar a enormidade das terras... A casa enorme e bela fora construída em final do século XVIII e tem passado de pai para filhos desde então e esses têm mantido com cuidados e muito capricho o estilo original.  ELA dirigiu-se ao banheiro, único cômodo da casa que fugia ao original; o vaso sanitário belíssimo fora feito pelo herdeiro anterior, especialmente seguindo o estilo e decoração, o chuveiro era elétrico e moderno, a banheira ainda original, parecia ter sido comprada agora, de tão nova e linda e todo o restante do banheiro ainda era o mesmo de quando feito. ELA tomou seu banho, vestiu uma roupa leve e confortável e seguiu à sala de refeições, onde uma enorme mesa de jacarandá, rodeada por doze cadeiras, maravilhosamente talhadas e as duas cadeiras das cabeceiras, mais pareciam tronos e todas forradas de veludo vermelho e botões dourados. A mesa muito bem servida, mas ELA, afoita para ir logo passear pela fazenda, comeu apenas a salada de frutas, suco e o café preto que ela não abre mão: - Tio, entre seus cavalos existe um bem mansinho para mim (lembrando o quanto gostava de cavalgar...)? O tio, um senhor quase chegando à obesidade, cabelos já grisalhos, a barba e bigodes mantidos desde jovem e uma simpatia e bondade de sempre, lhe afirma ter um cavalo exatamente como ela gosta... A moça pediu licença, levantou-se e foi para fora da casa...  Já lá fora, com os olhos ocupando o horizonte, não pode deixar de pensar em seu amor, o quanto ele iria gostar de estar ali, o quanto eles dois se divertiriam por aqueles campos e cantos... Deu um sorriso saudoso, malicioso e apaixonado e saiu em direção ao estábulo...  – Bom dia! Cumprimentou aos dois senhores que cuidavam dos cavalos. – Bom dia, senhora! O patrão pediu que separássemos um cavalo para senhora e ele já está prontinho naquela primeira baia ali (falou um dos senhores apontando para a baia perto da entrada). ELA seguiu junto ao homem até o lugar indicado e ficou maravilhada com a beleza do animal que balançou a cabeça parecendo cumprimentá-la. – Que lindo animal, senhor Tião! Ele é bem manso? – É sim senhora! Pode ficar tranquila!  – Qual o nome dele! Perguntou ELA! – É Chantal, sim senhora!  Ela foi conduzindo Chantal para fora do estábulo e conversava com ele carinhosamente e até parecia que o animal entendia tudo... Montou-o cuidadosamente e saiu conduzindo-o devagar a fim de se acostumar, pois há anos não montava um cavalo! Porém, logo já estavam experimentando uma corridinha e Ela sentia-se livre, sentindo toda aquela manhã de verão junto dela... - Corre meu amigo, ajude-me a encontrar o meu amor que está perdido numa cachoeira feita ilusão... (Nesse momento, ELA entra em seu mundo paralelo, o mundo azul onde vive feliz com seu amor, misturando o real com desejoso sonho azul, sonho esse, que ela eternizou em prosas e versos, tudo que havia planejado para eternidade onde viveriam gloriosos dias repletos do mais puro e gostoso amor que se pode desejar viver com quem o coração escolhe...) A cada cantinho percorrido na fazenda, havia algo que sustentava a feliz presença de seu amado! – Ah, amor! Teu vulto adorado brinca diante de meus olhos fazendo dessa vida, uma canção de amor, de saudades e de aflições, quando quero te alcançar e não consigo! E a moça vai cavalgando entre uma enorme inquietação vinda de uma antiga lenda, onde um dia, seu amor a transformara numa rosa vermelha que nascera de um desejo louco e tão singelo e simples, feito sorriso de uma criança feliz...! ELA escuta o som da cachoeira e ao chegar ali, seu coração vai afastando qualquer e tudo que possa separar o seu sonho de qualquer lágrima que faça cair suas pétalas como num fim de história triste... ELA não permitiria que em seu mundo azul, isso pudesse acontecer e ali, numa pedra ilhada, ELA encontra e abraça seu destinado amor, onde fazem amores, entre delírios e ao som da natureza que conspira com essa felicidade...  As horas nesses momentos passam sem que a moça dê conta...  – Nossa! Como o tempo passa rápido quando estou com meu amor! Ah, que importa, ELE estará comigo mesmo, por onde quer que eu vá...! Mais uma vez ela sai de seu mundo dos sonhos (tão real!), monta Chantal  e lhe dá ordem : – Voa meu amigo, o pessoal deve estar aflito com minha demora! Durante o trajeto de volta a casa, o seu coração disparado de emoção, vai cantando canções de amores, que vão mostrando o que lhe vem do coração feliz e pleno de amor...  – Que bom vê-la com esse semblante feliz, minha querida! Falou a tia, enquanto vai conduzindo a sobrinha para dentro da casa...  A mesa do almoço estava repleta de coisas deliciosas que encheram os olhos DELA de gula e a essa altura, depois daquela manhã que o destino caprichosamente permitiu sua entrada triunfante e completa em seu mundo, onde pôde encontrar seu amor..., ela estava faminta e já imaginando em todas as aventuras que viveria nos dias que passaria ali, naquele paraíso, com seu amor sempre juntinho, por toda sua vida!
Maria Barros