Depois de uma longa estiagem com o céu tingido de eterno azul, ventos com mais afoitezas mesclaram brancos de nuvens no azul celeste...
As nuvens agora eram espetáculos que impediam a visão do firmamento, anunciando chuva pesada e já ouviam o estrondar de trovões dando certeza da chuva que nas redondezas já caía... ELA estava na varanda de sua casa se deleitando do prazer suave, porém prolongado, que o vento causava-lhe diante do clima quente de verão, embora ainda fosse primavera e teria permanecido ali, se não tivesse medo extremoso de relâmpagos...
Um estrondar mais forte se fez ouvir e ELA numa agonia incontrolável refugiou-se em seu quarto e já com o rosário em mãos pedia ao Senhor que deixasse a chuva, mas que abrandasse os relâmpagos! Enquanto esperava ser atendida, lembrava-se de seu amor e nem sabe por que sempre acontecia, quando em apuros, lembrar-se dele como se o pensamento nele a deixasse mais segura. Essas coisas e manias de quem ama, mas que dão certo de alguma forma, pois enquanto imaginava ELE, ia se acalmando diante a tempestade que caia forte...
... Veio-lhe na lembrança uma farra deles e um sorriso iluminou seu rosto muito mais que o claror dos relâmpagos que agora, mais brandos, se distanciavam... Aquele dia, eles imaginavam suas vidas juntos; o despertar, o desjejum, o banho regado de malícia e sedução e outras delícias mais e isso causou, de alguma forma, uma reflexão NELE, pois que no dia seguinte recebeu dele uma mensagem linda e enigmática, mas que para ELA, que já estava acostumada às suas indiretas, sabia exatamente o seu significado e sorriu de contentamento e encantamento... A partir daí, ele usava sempre a mesma mensagem diante de outras situações e isso lhe parecia, às vezes, o inverso do real significado da frase retirada de um famoso romance de aventuras escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes y Saavedra, ELA sabia que ELE queria dizer algo que não ousava lhe dizer às claras... Sabia tudo dele e o que sabia não impedia seu amor, por isso e mais algumas atitudes não convencionais, lhe pareceu mais uma fuga, da parte DELE, quando se deu o fim que ele provocou... Só Deus sabe a cruz que ELA carregou naquele dia e os que vieram após... Sofrimento que quase a levou dessa vida... Quando não pode ser, não adianta tentar... ELA sabe que o melhor para ELES, os espera, UM DIA...
Maria Barros