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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

* ATÉ O PRÓXIMO! VALEU!*




E a festa acabou! A foliona que nesses dias estivera perdida na fantasia sonhada o ano todo, vai arrastando, cansada, o estandaste tão contrário à fantasia que empunhara enquanto desfilava entre o povo inflamado e embrasado aos sons das marchas antigas [acho que compositores de marchas já não existem mais ou foi o encantamento dos carnavais antigos que se perdeu com esse jeito de ser dos dias de hoje [tão pouco românticos!] e com ele toda inspiração, a verdade que as marchas continuam sendo as mesmas, entra ano/ sai ano... Melhor assim, talvez as de hoje não fossem tão belas quanto às antigas!] A foliona triste caminhava só, tanto quanto chegára. Seu estandarte exibia em letras bordadas com paetês e miçangas coloridas, que seu bloco era o da solidão embora estivesse vestida de mulher maravilha, a poderosa, a admirável... Pelo caminho iam-se perdendo as letras, os paetês, as miçangas... , iam-se perdendo na solidão da madrugada de cinzas e lhe restava ir aos poucos retirando de si, os brilhos, cores e traços percorridos por purpurinas, caminhos que seus pés nobres de super-heroína desfilaram no mundo onde tudo pode [na fantasia!] Foram dias de alegria, pelo menos se esforçara para tal! Se valeu a pena esse sonho, ainda não sabe, o cansaço ainda não lhe permitia avaliar a folia e nela na folia! Mas ela sabe que quando o cansaço passar, ainda lhe restará a mesma angústia, a mesma solidão... Não ouve na despedida um adeus, um até mais ou mesmo um até o próximo, tão pouco um “valeu!” Mais uma vez sem ninguém, tal quais as marchinhas que cantara na avenida enquanto rodopiava preso à cintura, seu estandaste da solidão [BLOCO DO EU SOZINHA]. A Mulher Maravilha vencera a avenida com seus monstros, enormes gorilas, e outros e outros bons e maus, ela vencera todos, intácta! Agora a heroína caminhava somente, sem Super e sem um Super e seu bloco estava mais para bloco do sujo em final de festa, sem fantasia, sem pandeiro... Só se onvia o bater de latas de lixo que os garis descarregavam no caminhão enquanto cantarolavam essa marchinha que ela se comparava, marchinha essa também antiga e foi o suficiente para que a foliona abrisse um sorriso e começasse a acompanhá-los: “Olha o bloco do sujo, que não tem fantasia, mas que traz alegria, para o povo sambar. Olha o bloco do sujo vai batendo na lata, alegria barata, carnaval é pular...” A foliona seguiu seu caminho e não tinha mais sinal de cansaço e nem de tristeza, virou para trás e pode agora despedir de seus foliões: ATÉ O PRÓXIMO! VALEU!!!
Maria Barros

( Em destaque trecho da marchinha de carnaval “Bloco do sujo” informe o(s) compositor(es) )