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quarta-feira, 1 de abril de 2015

* OUTONOS DE JACI... *( Primeira Parte) / * OUTONO EM DESALINHO *






(Primeira parte)

O tempo castigava impiedosamente o vilarejo, com isso, o rio transbordara e sua água já tomava mais da metade de sua parte baixa, trazendo caos ao lugar... As famílias procuravam abrigo junto aos amigos que moravam mais distantes ou nas colinas ao redor... Era final de verão e embora fossem comuns as tempestades nessa época, há muito o vilarejo não sofria com tamanha catástrofe dessa natureza! 
         Lá no topo da colina, num dos pontos onde a vista alcançava todo o vilarejo e seus arredores e também o lugar mais privilegiado, morava Senhor Joaquim e sua família. Sua esposa, Dona Isaura, estava no último mês de sua terceira gravidez e a quantidade de relâmpagos e trovões, deixavam-na extremamente aflita e apreensiva, pois a parteira Dona Iraci, u’a mulher indígena e mais velha do lugar e também a que ajudou a trazer ao mundo quase todo o povo dali, morava na parte baixa e com esse tempo não teria como encontrá-la, caso Dona Isaura entrasse em trabalho de parto. 
        Mais um dia se fora e mais dois depois desse, sem que o tempo ruim se afastasse, até que na madrugada desse quarto dia, Dona Isaura, sentindo um desconforto que ela já conhecia muito bem o seu significado, levantou-se da cama sem atrapalhar o sono de seu esposo e foi até à janela respirar um ar puro... O alvorecer trazia junto a si, o nascer do Sol que já exibia a luminosidade de seus raios ainda meio escondidos atrás dos montes. O céu também já exibia o seu azul luminoso e belo e à mais uma contração, o olhar embaçado pelas lágrimas de emoção, impediam a senhora de admirar o restante do espetáculo que anunciava o princípio de vida além-ventre do ser que estava por vir... 
         Dona Isaura, mulher forte e corajosa, acostumada aos trancos da vida, ora fortes, ora suaves, fora com cuidado chamar seu esposo que com a certeza que ela já sabia, iria pular da cama em total descontrole e aflição pela aproximação do parto... E realmente, seu Joaquim corria de um lado para outro acordando os outros filhos; Lia de nove anos e Jr de onze anos e num instante a casa era um alvoroço e na calma de sempre a mulher deu as ordens: - Calma a todos! Não tem ninguém passando mal aqui! É só um bebê que está por nascer e precisa que o pai se acalme e vá buscar a parteira...  Senhor Joaquim, respirou fundo e olhou pela janela já aberta e viu que o tempo se afirmara e em poucos minutos já estava fora de casa disposto à aventura em achar a parteira. Embora tivesse sido a tempestade bem duradoura, ela trouxera mesmo, fora mais lamas pelos caminhos e alguns móveis danificados durante a cheia do rio, ao inundar as casas mais próximas da orla... Coisas que a união do povo resolveria em pouco tempo! Depois de meia hora ele encontra a parteira que havia terminado um parto prematuro, mas com a bênção de Deus e a seriedade profissional de Dona Iraci, tudo correra bem e agora, junto ao Senhor Joaquim, subia a colina de cabeça baixa, pois era seu costume uma longa oração antes de cada parto feito por ela que dizia sempre que nada se faz com perfeição e amor se não houver sobre quem trabalha, as mãos de Deus a abençoar!
            Ao chegarem a casa, Dona Isaura já se encontrava deitada e seus filhos ao redor, com Jr segurando-lhe a mão e Lia penteava os cabelos da mãe com seus dedos, trazendo-lhe assim, conforto a cada contração... 
           Dona Iraci ordena às crianças que fossem brincar no quintal e com a ajuda de Sr Joaquim, alguns procedimentos foram feitos e ele agora confortava a esposa enquanto a parteira iniciava o parto que se adiantara muito enquanto o marido fora a seu encontro... 
          Um pouco mais e a parteira, ao balbuciar algumas palavras indígenas, de contentamento, ajuda a trazer ao mundo uma linda menina!
          - Que nome terá essa linda criança nascida à luz desse início de outono!? E diante da felicidade estampada nos rostos de todos, Dona Isaura se adianta e fala, ao segurar a filha em seus braços: - Seja bem vinda, amada JACI! Seu nome Jaci, mãe dos frutos, que nasce nessa manhã gloriosa do primeiro dia do outono, lhe trará felicidades, abundância, fertilidade e fecundidade de espírito! 
            As crianças pulam de alegria ao entrar para desejar boas vindas à irmãzinha que acaba de chegar... Depois de tudo acertado, Dona Iraci se despede, prometendo voltar no dia seguinte para uma visita! A família está em festa! 

Maria Barros


(Nasce Jaci! O que o inelutável destino dessa linda menina nascida no primeiro dia do outono de sua vida, lhe reserva? Qual será a direção de seus acasos? >>> Não perca a segunda parte dessa história que começa num dia glorioso de Sol! >>> AQUI, BREVEMENTE EM MEU BLOG!)






Nas soltas folhas que brincam nas tardes,
Calmas, silentes, que partem de mim...
São elas doces sons que tonteardes,
Quando sou outono, tão vólucre e afim!

Sou folhas que já não fazem caminhos,
E se, se formam, são fósmeos, insanos...
Brincam e voam e nem sentem espinhos...
Pobres! São vidas curtas, jaz d’enganos!

Sou branda, sou ardente poesia!
 Cio amadurecido d’ousadia!
Reajo, e logo sou fertilidade!

E, nas folhas que brincam d’alegria,
Que no outono de mim, sou fantasia,
Nem sabem elas: - Sou fértil saudade!
Maria Barros